Zoneamento e cidades resilientes

Para o arquiteto e urbanista Rafael Sampaio, a Revisão do Zoneamento da cidade de São Paulo, que está em curso, deveria considerar cinco dimensões para garantir resiliência à metrópole. Leia abaixo.

Cidade de São Paulo pelas lentes de Daisa TJ

Na revisão do zoneamento de São Paulo, apenas as dimensões econômica e imobiliária estão sendo contempladas. É fundamental considerar todas as dimensões que compõem o ambiente urbano ao tomar decisões relacionadas ao planejamento e zoneamento de uma cidade. Essas cinco dimensões – social, ambiental, cultural, econômica e imobiliária – desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento urbano de cidades resilientes.


Dimensão Social: Esta dimensão envolve as pessoas que vivem na cidade. Inclui questões relacionadas à educação, saúde, segurança, habitação, acesso a serviços públicos e oportunidades de emprego. Uma cidade que ignora essa dimensão pode enfrentar desigualdades sociais crescentes e gentrificação.


Dimensão Ambiental: A dimensão ambiental considera o impacto das atividades urbanas no meio ambiente, incluindo a qualidade da água e do ar, a gestão de resíduos e a adaptação às mudanças climáticas. Ignorar essa dimensão pode levar a problemas ambientais graves.


Dimensão Cultural: A cultura é parte integrante de uma cidade. Inclui patrimônio histórico, diversidade cultural, espaços culturais e expressões artísticas. Promover a cultura e proteger o patrimônio histórico enriquece a vida urbana e fortalece a identidade da cidade.


Dimensão Econômica: Esta dimensão está relacionada ao desenvolvimento econômico da cidade, incluindo a criação de empregos, o crescimento das empresas e a geração de riqueza. No entanto, quando priorizada em detrimento das outras dimensões, pode resultar em uma cidade focada apenas em lucros, muitas vezes negligenciando o bem estar social.


Dimensão Imobiliária: Esta dimensão abrange o uso do solo e o desenvolvimento de propriedades. O zoneamento desempenha um papel crucial nessa dimensão, determinando como o espaço urbano será usado. No entanto, quando a dimensão imobiliária é priorizada sem levar em consideração as outras dimensões, pode resultar em especulação imobiliária e gentrificação. O excesso de verticalização gera o afastamento das pessoas dos Espaços Livres Públicos, quanto mais adentramos verticalmente no espaço, mais intimista ele fica.

Reforço a minha preocupação de que, na revisão do zoneamento de São Paulo, apenas as dimensões econômica e imobiliária estejam sendo levadas em consideração. Isso pode indicar um enfoque excessivamente comercial no planejamento urbano, ignorando questões cruciais de justiça social, qualidade ambiental e cultural e qualificação do excedente do bem-estar da comunidade.

Para uma cidade resiliente é preciso um equilíbrio cuidadoso entre todas essas dimensões para criar cidades que sejam verdadeiramente habitáveis e inclusivas para todos os seus residentes. Portanto, é essencial que as políticas urbanas considerem todas essas dimensões e promovam um desenvolvimento equilibrado em benefício de toda a população.

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