Jussara Nery, a Ju, nosso “motorzinho”, partiu hoje. Foi acelerar em outra dimensão. Organizada, planejadora e agitadora, ganhou o apelido de motorzinho porque era ela que ativava a energia de boa parte dos projetos e ações de nosso coletivo, como o tradicional Arraiá das Vilas.
Ju foi uma das criadoras do GT Áreas Verdes e de outras iniciativas, como o projeto Abre Caixa. Thais Mauad comenta que foi uma honra imensa ter trabalhado com Jussara bem no começo do GT, por volta de 2016, quando o grupo se resumia, basicamente, à dupla: “Foi a época que abrimos oito canteiros verdes no bairro, sendo que um deles virou jardim de chuva, graças ao nosso encontro quase fortuito com o Uli – Ulrich Zens, arquiteto alemão especializado em drenagem sustentável de águas – , que também já se foi há algum tempo. A ideia de abrir os canteiros veio durante uma caminhada com ela e Silvério, seu marido, pelo bairro. A gente achou esquisito uma área grande daquela toda cimentada. Jussara era muito organizada e ia escrevendo as cartas, fazendo os ppts, chamando todo mundo, dando nortes. Um motorzinho mesmo”.
O nosso “até breve, Ju!” ficou embalado pelo belo texto que segue abaixo, escrito por Nina Furukawa.
Uma vez me contaram que tudo tem um fim. O café no bule acaba, assim como se finaliza um ciclo de estudos no último dia de aula na escola. A folha que se desprendeu da árvore tem um término junto com o outono. A única coisa que não tem um fim, é a morte. Sempre quando alguém parte, eu me lembro disso: a morte dura para sempre.
Cada um aqui tem uma lembrança pessoal da Jussara. Tenho certeza que ninguém aqui a vê como “fim”. Foram tantas as trocas, os ensinamentos, as crenças em um mundo melhor, que é um paradoxo estarmos reunidos por causa desse desfecho.
É confuso esse sentimento, não? Hoje é uma despedida. Para que amanhã e depois, cada um em seu tempo, consigamos honrosamente prosseguir o que ela cultivou de forma tão firme e admirável: a confiança no viver.
A morte, essa danada, nunca vai deixar de existir. Jussara sabia disso, semeou aqui e ali. Onde esteve, brotou vida. Onde estará, brotará amor. Num eterno regenerar, ela fica presente em Silvério, Daniel, Pedro, Aline, Bruna, Theo, Luiza e Antônio – e em todos nós.
Obrigada por tanto motor. Entendedores entenderão.
Obrigada por tanto fazer.
Obrigada por tanto querer.
Obrigada por tanto amor.
Obrigada por tanta vida, querida Ju.
Eternos seremos.
Viva a Ju ❤️
Sentiremos saudades dessa querida companheira. Um dia nos encontraremos Ecoamiga.