São Paulo celebrou 471 anos no dia 25 de janeiro. Já no dia 29 demos nosso presente para a cidade e para as pessoas que moram nela: uma oficina de tecelagem no Metrô, em uma das estações mais centrais e acessadas da cidade, a da Sé.
Tendo como pano de fundo o painel Comunidade, tecido para o Arraiá das Vilas de 2024, e que retrata a vida na cidade e nas Vilas, a atividade aconteceu das 11h até as 17h e atraiu muitos passageiros de diversas idades. As “arteiras das Vilas”, vizinhança que coloca a mão nas artes em nossas festas, orientou as pessoas interessadas em aprender a tecer. O material utilizado foi o mesmo aplicado na construção do painel: teares feito com papelão e sobras de tecidos, de linhas e de fitas.
Conceição, moradora do Itaim Paulista, teceu um quadrado, depois outro e ficou interessada em aprender um nó que estava sendo ensinado ao lado. Já Selma, que mora no interior paulista, chegou no início da oficina para aprender a técnica e depois ensinar a suas alunas, mulheres em situação de vulnerabilidade. Um pai e uma filha, William e Sara, chegaram de mansinho Ela, que no começo estava apreensiva, logo comentou entusiasmada sobre o vestido que faria para sua boneca com o tear, enquanto seu pai nos contava sobre a vida de imigrante boliviano no Brasil. Um jovem, mal saído da adolescência, olhava interessado mas sem coragem de se aproximar. Vencida a barreira, depois que fomos buscá-lo, ficou tecendo mais de uma hora: “obrigado por ter me chamado, não teria coragem de chegar se você não tivesse me visto”.
E houve muito mais gente! O senhor cego desde os 2 anos que demonstrou maestria no manuseio do tear e dos fios. Rian, que não almoçava há alguns dias e que depois recebeu um lanche comprado por uma das voluntárias. A Maria Aparecida que faz bonecas de pano. A Juliana, que já tece em sua casa. E a mãe do Henrique, estagiário do Metrô, que passou a tarde inteira tecendo.
Saberes, vivências
Compartilhar saberes e um pouco da história do Coletivo foi uma experiência ímpar para as arteiras do Coletivo. Alguns dos relatos: entrelaçamos histórias de pessoas, vivências e carinho; vi nosso painel lindo e enorme balançando com o vento e me arrepiei de emoção; cada urdidura e tessitura nesse dia no Metrô da Sé representou um tecido de vida […] uma trama de histórias e utopias; a certeza de ter me engrandecido […] emprestar os ouvidos, os olhos, os ombros, me emprestado toda […] foram sensações inimagináveis, diante de pessoas que me ensinaram a ser mais Humana.
Para Mônica Braga, analista de Desenvolvimento e Gestão III do Metrô de São Paulo, “foi muito gratificante ver a alegria dos passageiros que participaram da oficina de tecelagem e tiraram fotos em frente ao painel”. Ela comenta que desde a primeira vez que entrou em contato com o nosso Coletivo e viu o painel Comunidade, que foi produzido coletivamente, teve a certeza de que trazer esta ação ao Metrô seria um sucesso de público.
A oficina de tecelagem foi uma das iniciativas do Metrô de São Paulo para celebrar os 471 anos da cidade e também os seus 50 anos de atividade. Para realizá-la, tivemos o apoio da Metrocenografia, B.Basic, Cidade de Papel e AF Produções Visuais.
